Durante décadas, o sonho de seguir carreira no vôlei feminino profissional obrigava atletas norte-americanas a buscarem oportunidades no exterior. Hoje, esse cenário mudou drasticamente. Com novos investimentos, formatos inovadores e transmissões de alto alcance, o vôlei feminino nos Estados Unidos vive um renascimento. Este artigo apresenta as quatro principais competições que moldam essa nova era, cada uma com seu modelo, impacto e promessa de futuro.
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✅ 1. League One Volleyball (LOVB) – Liga Um de Voleibol
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Fundação e Estrutura
Lançada em 2020, a League One Volleyball nasceu com uma missão abrangente: transformar o vôlei feminino nos EUA da base ao profissional. Para isso, construiu um ecossistema formativo com 58 clubes em 66 localidades, abrangendo 26 estados e envolvendo mais de 16 mil jovens atletas.
Sua temporada inaugural profissional começou em janeiro de 2025, com seis franquias em Atlanta, Austin, Houston, Madison, Omaha e Salt Lake City. O elenco conta com jogadoras de 20 nacionalidades, incluindo 17 atletas olímpicas e 10 integrantes da seleção dos EUA em Paris 2024.
A líbero Zoe Jarvis, destaque do Austin Clube, foi uma das campeãs da temporada – Fonte: Zoe Fleck Instagram
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Investimento e Benefícios
Com US$ 160 milhões em investimentos e apoio de nomes como Kevin Durant, Lindsey Vonn e Amy Schumer, a LOVB oferece salários competitivos, bônus por desempenho, assistência médica integral, suporte psicológico, moradia e transporte durante a temporada. A liga é vista como um novo padrão de sustentabilidade e dignidade para o esporte feminino.
Transmissão
ESPN: 28 partidas transmitidas via ESPN2, ESPNU e ESPN+
Women’s Sports Network (WSN): 16 jogos gratuitos
LOVB Live: 100% da temporada via streaming gratuito no site oficial
DAZN: Cobertura internacional em regiões como Europa, Canadá e Ásia
SPOTV: Transmissão no Sudeste Asiático
ESPN Internacional: Cobertura em países da América Latina, incluindo o Brasil
League One Volleyball (LOVB) no Youtube gratuitamente
A LOVB transmite partidas ao vivo em seu canal oficial no YouTube, incluindo jogos da temporada regular e finais. O canal também oferece destaques, entrevistas e conteúdos exclusivos relacionados às equipes e jogadoras.
Canal oficial: LOVB no YouTube
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✅ 2. Pro Volleyball Federation (PVF) – Federação Profissional de Voleibol
Equipe campeã da PVF 2025 Orlando Valkyries – Fonte da foto Brittany Abercrombie.
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Fundação e Estrutura
Anunciada em 2022 e com sua estreia em janeiro de 2024, a PVF trouxe uma liga tradicional ao cenário. Cada equipe disputa 28 partidas por temporada, garantindo regularidade e alto nível técnico.
A partida de abertura — Atlanta Vibe vs. Omaha Supernovas — atraiu 11.624 espectadores, quebrando recorde de público para o vôlei feminino profissional nos EUA. Desde então, a média tem se mantido acima de 5.000 por jogo.
Expansão e Franquias
A PVF opera com oito franquias:
Atlanta Vibe, Columbus Fury, Grand Rapids Rise, Indy Ignite, Omaha Supernovas, Orlando Valkyries, San Diego Mojo e Vegas Thrill. Novas equipes em Dallas e Kansas City já estão confirmadas para 2026.
Nesta foto, a líbero Emmy Klika, peça-chave das campeãs Orlando Valkyries, em ação.
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Valorização e Transmissão
A PVF oferece o maior prêmio financeiro do vôlei feminino profissional: US$ 1 milhão para a equipe campeã, além de bônus por desempenho e benefícios amplos.
Transmissão:
CBS Sports Network, FS1, FS2 nos EUA
VBTV: streaming gratuito nacional e acesso global por assinatura
Pro Volleyball Federation (PVF) no YouTube gratuitamente
A PVF disponibiliza partidas selecionadas ao vivo gratuitamente em seu canal oficial no YouTube. Além das transmissões, o canal oferece entrevistas, bastidores e destaques das partidas.
Canal oficial: PVF no YouTube
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✅ 3. Athletes Unlimited Volleyball (AU) – Voleibol Atletas Sem Limites
Brittany Abercrombie campeã da Athletes Unlimited Volleyball (AU) temporada 2024. A temporada 2025 ainda não começou, inicia em outubro.
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Modelo Inovador
Desde 2021, a Athletes Unlimited propõe um formato revolucionário. Em vez de franquias, 44 atletas se reúnem por cinco semanas em uma única cidade, disputando jogos em equipes redesenhadas semanalmente com base em uma pontuação individual.
Sistema de Pontuação
Cada ação em quadra — pontos, defesas, assistências — contribui para a pontuação da jogadora. Ao final de cada semana, as quatro mais bem colocadas se tornam capitãs e escolhem novas equipes, promovendo meritocracia e competição constante.
Natália Zilio Pereira vai estar na Athletes Unlimited Volleyball AU temporada 2025.
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Compensação e Engajamento
Além do salário-base e bônus por desempenho, as atletas participam de projetos sociais via o programa Athletes Causes, que direciona parte dos ganhos a instituições escolhidas pelas jogadoras.
Talentos e Patrocinadores
A AU já recebeu estrelas como Nootsara Tomkom e Bethania De La Cruz, com apoio de marcas como Nike, Gatorade e GEICO. Seu modelo privilegia o desempenho individual e o impacto social, oferecendo uma alternativa ousada e eficaz.
Transmissão
ESPN: 30 partidas transmitidas ao vivo
CBS Sports Network e FOX Sports: cobertura complementar
VBTV: acesso internacional
Canais Digitais: transmissões gratuitas no YouTube, Facebook, Twitch, Dailymotion e outros
Athletes Unlimited Volleyball (AU) no YouTube gratuitamente
A AU transmite jogos ao vivo em seu canal oficial no YouTube, além de disponibilizar partidas completas, destaques, entrevistas com atletas e conteúdos exclusivos sobre a liga.
Canal oficial: Athletes Unlimited no YouTube
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✅ 4. NCAA Women’s Volleyball Championship – Campeonato de Voleibol Feminino da NCAA
Atletas do time Sacramento State University (Hornets Site), jogando na I divisão NCAA. – A temporada 2025 do NCAA ainda não foi concluída, o torneio está programado para ocorrer em dezembro 2025.
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Estrutura e Tradição
Criado em 1981, o Campeonato Universitário da NCAA é o principal torneio de base do vôlei feminino nos EUA, reunindo 64 equipes em formato eliminatório. Realizado entre novembro e dezembro, é uma vitrine de talentos emergentes.
Fases e Recordes
A competição percorre cinco etapas — desde as rodadas iniciais até a Grande Final Nacional. Em 2024, a decisão entre Penn State e Louisville atraiu 21.860 torcedores, e o jogo entre Nebraska e Omaha, em 2023, reuniu 92.003 fãs em um estádio aberto — um recorde mundial para esportes femininos!
Stanford x Oregon (NCAA). Atletas de branco é Stanford, as de verde é Oregon. Fontes: Stanford Cardinal Site e Oregon Ducks Site
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Legado
Com universidades como Stanford, Nebraska e Texas liderando títulos, o torneio é uma plataforma essencial para futuras jogadoras profissionais e da seleção nacional.
Transmissão
ESPN e ESPN+: cobertura de todas as fases
ABC: exibição ao vivo da final, ampliando o alcance do torneio
NCAA Women’s Volleyball Championship no YouTube gratuitamente
As partidas do campeonato são transmitidas principalmente pela ESPN, mas o canal oficial da NCAA no YouTube oferece replays de jogos completos, destaques, entrevistas e momentos marcantes do torneio.
Canal oficial: NCAA Championships no YouTube
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📊 Comparativo das Competições
Competição | Início | Formato | Duração | Destaques |
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LOVB | 2025 | 6 franquias fixas | 14 semanas | US$ 160 mi captados e conexão com base de formação juvenil |
PVF | 2024 | 8 franquias fixas | 28 partidas | Público recorde e maior prêmio financeiro do vôlei feminino |
AU | 2021 | 44 atletas rotativas | 5 semanas | Pontuação individual e equipes reconfiguradas semanalmente |
NCAA Div. I | 1981 | +300 programas universitários | Eliminatório | Maior torneio de base; recordes mundiais de público |
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Equipe campeã da PVF 2025 foi Orlando Valkyries – Na foto vemos a ponteira Lindsey Vander a frente e a central Natalie Foster mais ao fundo.
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🔮 Perspectivas Futuras
O vôlei feminino norte-americano vive um momento plural e promissor. A LOVB aposta em infraestrutura e integração com a base. A PVF foca em consolidação tradicional e premiação atrativa. A AU oferece uma experiência disruptiva e meritocrática, enquanto a NCAA segue como principal fornecedora de talentos.
Resta saber se essas forças convergirão para um modelo unificado no futuro ou se a diversidade continuará sendo o motor do crescimento. De qualquer forma, o cenário atual é histórico — e ainda é só o começo.
📊 A Fragmentação das Ligas e seus Desafios Estruturais
Apesar do crescimento acelerado e da popularidade crescente do vôlei feminino nos Estados Unidos, o cenário profissional ainda sofre com a ausência de uma liga nacional unificada nos moldes da NBA ou da NFL. Em vez disso, o esporte é atualmente fragmentado entre projetos como a Athletes Unlimited, a nova Pro Volleyball Federation (PVF) e a League One Volleyball (LOVB), além de esforços universitários e independentes.
Essa fragmentação cria desafios significativos de identidade e continuidade: os torcedores precisam acompanhar múltiplas ligas com formatos e calendários distintos, enquanto atletas enfrentam incertezas contratuais e exposição desigual das diferentes competições.
A falta de uma estrutura centralizada limita a força comercial do vôlei, tornando ainda mais difícil atrair grandes patrocínios, cobertura televisiva constante e fidelização do público a longo prazo. Ainda assim, esse ecossistema em expansão pode ser também um sinal de transição, um terreno fértil onde, em poucos anos, poderá emergir uma estrutura ainda mais sólida e coesa.
Sobre o autor:
Acompanho vôlei feminino desde os anos 90, a evolução do esporte dentro e fora das quadras. Este site é fruto de anos de observação, pesquisa e respeito por cada atleta que faz parte dessa trajetória.
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Artigo: Renato Silva
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Então, da para deduzir que esse boom dos EUA pode influenciar outras nações . Bacana isso 👏👏
Sim. Estados Unidos é uma das potências do Vôlei Feminino! Ainda mais agora com tantos modelos de torneios. Só ficamos no aguardo de uma Liga Nacional.